quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Acabei de ler ontem FANTASMA, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, e é daqueles livros que a gente lê de "uma sentada". Uma vez começado seguimos com ele até o final sem ter vontade de parar para um intervalo.
Dizendo desta forma fica parecendo que foi o melhor livro que eu li, ou o melhor livro do autor. Não, não é, mas é mais uma história do meu delegado preferido, Espinosa, e conta mais uma história passada, como as outras, quase que inteira em Copacabana.
Um homem é assassinado na rua e só quem teve a possibilidade de ter visto algo é uma moradora de rua. Princesa, como é conhecida,  é uma mulher obesa, branca, bonita e cujos modos nada têm a ver com as pessoas que normalmente encontramos nas ruas. Mas esta testemunha diz que nada viu, e que dormia quando houve o crime. Na verdade muitas vezes, Princesa confunde realidade e fantasia. Cabe ao delegado conseguir que esta testemunha o ajude a chegar ao por que do assassinato e consequentemente ao assassino.
E quem já leu o autor sabe como ele faz isso bem. O livro é uma delícia.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

EESPANCANDO A EMPREGADA - ROBERT COOVER

Pois é, soube ontem que "Falsa Submissão" havia sido reeditado com uma nova capa, inclusive mais bonita, mais chique. Fui para casa acabando de ler para poder colocar no acervo o "Cinquenta Tons Mais Escuros". O povo quer continuar a história.
Será que entramos agora, assim como com os vampiros, na temporada do erotismo. Será que vamos ter muitas trilogias eróticas até que mude a moda? Quantos outros autores publicarão sobre o mesmo assunto? A Editora Paralela lança um concurso de conto erótico, enfim, está me parecendo que sexo (com um tom mais pesado) está no ar. E eis que lembrei de um livro de 1989, de um autor que eu acho que poucos conhecem: Robert Coover. Ao menos para causar escândalo vou deixar aqui um resumo do livro. Quem sabe uma das três pessoas que vêm até aqui dar uma olhadinha se anima a lê-lo. A moda está aí de novo, e este pega mesmo mais pesado que os outros.

O livro se passa num tempo meio indefinido, não dá muito para saber se estamos no tempo presente, mas todas as manhãs a empregada entra no quarto de seu patrão com o objetivo de limpá-lo. Ela carrega todo o material necessário para a limpeza e é observada por ele que sempre encontra alguma falha nos gestos da moça, ele é capaz de ver a menor imprecisão e, em nome da lei e da ordem, a empregada está prestes a ser espancada.
"tanto a empregada como o patrão estão presos num ritual cotidiano no qual surgem relatos recorrentes de sonho, ideias torturantes de purificação e a descoberta de objetos estranhos e ameaçadores. Não há como fugir do laço que escraviza estas duas personagens sem nome que, por isso mesmo, representam o lado escuro de cada um de nós.
De repetição em repetição, ESPANCANDO A EMPREGADA, nos leva a uma zona crepuscular e indefinida, verdadeira encruzilhada dos ciclos da vida e de morte, da criação e da destruição, da busca paradoxal do amor através do ultraje e da profanação. Os papeis e a norma são radicalmente invertidos nesta obra que celebra o poder da criação literária. O autor nos traz as lições de abismo que assombram a tradição literária do Marques de Sade e de Sacher-Masoch."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

RELÍQUIAS - TESS GERRITSEN

Minha profissão é ler, mas infelizmente não é escrever. Sou boa contadora de histórias, e quando me perguntam por um livro fico completamente entusiasmada e saio contando. Tenho uma locadora de livros. Se conto a história toda, para que o associado vai pegar o livro para ler? Então eles me param, e eu fico esperando que depois de ler, possamos comentar a história.
Certos autores quando começam a publicar no Brasil nos entusiasmam muito. Gosto de suspense, histórias sobre serial killers, assassinos que nos arrepiam, daqueles que ficamos nos perguntando: será que é possível existir, de verdade, um ser desse jeito? Com esse grau de maluquice ou maldade? Ou eles são apenas a criação de uma mente muito criativa?
Quando saiu o primeiro livro da Tess Gerritsen traduzido aqui pela Record, “O Cirurgião”, eu achei maravilhoso, gostei daquela legista, Maura Isles, séria, com uma história de vida meio mal resolvida, mas com uma vida profissional irrepreensível. O assassino, perfeito em sua maldade. A policial Jane Rizzolli, uma descendente de italianos meio bronca, mas competente e com uma meiguice embutida naquela grossura toda. Uma ótima história. E veio “O Dominador”, onde ela mantém o ritmo, o mesmo assassino, e o poder de prender do livro. Depois desses vieram outros menos empolgantes: “Desaparecidas”, “Jardim de Ossos”, “Clube Mefisto”, “Vida Assistida”, e as histórias ficaram meio óbvias embora o meu queridíssimo Stephen King venha em cada capa atestar que: “Tess Gerritsen é leitura obrigatória em minha casa.”
Aproveitando que a autora vendia bem, a Record deu uma investida no sucesso de vendas  da moça e nos brindou  com o chatíssimo “O Delator”, e eu continuei a lê-los porque, como disse lá no início: minha profissão é essa.
Mas neste sábado, assim meio desanimada, peguei o lançamento “Relíquias”, e eis que me peguei ficando animada.  A história é boa gente!
A doutora Maura Isles é chamada para autenticar a idade de uma múmia encontrada nos porões de um pequeno museu. A peça se encontra em excelente estado de conservação, os testes de carbono 14 foram feitos nas faixas de linho que a envolvem comprovando que se trata de tecido antiqüíssimo, aparentemente do século II a.C., mas ao passá-la pelo tomógrafo, veem que há um metal na perna de Madame X, (nome dado à múmia pelos curadores do museu), e aprofundando um pouco mais o exame, a doutora Isles vê que é uma bala. Para infelicidade do curador do museu, a peça é transportada para o necrotério onde descobrem que se trata de uma mulher de mais ou menos 35 anos, e o cadáver, embora tratado para parecer uma antiga múmia egípcia, apenas escondia um crime.
Fazendo uma varredura nos porões do museu, encontram outras provas de que mulheres estão sendo assassinadas e transformadas em relíquias. Todas são morenas, todas têm cabelos pretos,  são de uma beleza acima da média, e coincidentemente muito parecidas com a arqueóloga, a jovem Josephine Pulcillo, assistente do curador do museu. Neste momento, e Tess Gerritsen consegue segurar bastante bem a narrativa, começa a caçada ao serial killer que Jane Rizzolli e Maura Isles têm certeza de que ainda está atuante.
Bem, o livro é ágil, curioso, bem escrito, seguimos todo o tempo querendo descobrir o seu final, enfim, mais próximo dos melhores livros já escritos pela autora. Um livro que não decepciona.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

UMA/DUAS – ELIANE BRUM

Há livros que chegam a esta locadora pelas mãos dos associados, sugestões que eles alcançam nas páginas das revistas entre os mais vendidos, são aqueles famosos, os que estão entre os dez mais vendidos, os dez mais lidos, enfim, não foi o caso deste livro.
Sim, ele veio pela mão de um associado, mas foi um presente, ele mesmo não sabia se “prestava” para ser lido pelos outros, mas tinha certeza absoluta que eu iria gostar. E é engraçado, ele nunca erra.
Desde o início foi como um soco no estômago, uma bofetada, e era uma história de mãe e filha. Histórias com este tema tendem sim a certa oposição entre as duas, mas lá pelas tantas, e até onde sou leitora as pendengas se acertam, e a impressão que dá é que para o melhor ou para o pior venceu a maternidade. Não em UMA DUAS. Não neste livro.
Laura e Maria Lúcia, filha e mãe.
Pelas mãos de ambas vamos sufocando nesta relação de amor e ódio que ao mesmo tempo as une e as afasta. Quaisquer palavras que eu queira dizer aqui para dar minimamente a ideia do texto,  é fraca demais. Pequena demais. Há que se ter coragem para lê-lo. Há que se ter mais coragem ainda ao nos depararmos aqui e ali com o mesmo desconforto sentido por ambas, e que até aqui, nem ao menos sabíamos que também fazia parte do nosso universo.
A partir de um telefonema da vizinha pedindo a Laura que vá ao apartamento da mãe, que já não atende à porta ou ao telefone há dias, vamos com Laura e Maria Lúcia em queda livre rasgar a dor que permeia cada uma das narrativas que se entrelaçam para chegarmos a um final que nos acompanhará mesmo depois de outros vinte livros lidos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

COMPLETAMENTE DENTRO DE MIM




Peguei para ler, quando do lançamento,  o livro FORA DE MIM, de Martha Medeiros, me perguntei quase que imediatamente: será que todos no mundo têm um caso de amor que acontece enorme, preenchendo espaços há muito tempo vazios, mas que a gente tem certeza, desde o primeiro momento, que não vai ser para sempre, e que vai doer, machucar, mas que não conseguiremos dar um passo para trás,  que vamos entrar na história entre o espanto que é apaixonar-se, e a tristeza por ter o conhecimento prévio de que ele, o tão esperado e desejado amor que vai virar a nossa vida do avesso tem prazo de validade?
Desde as primeiras linhas do texto eu pensei: ela roubou a minha história.  Segui lendo o que eu mesma gostaria (deveria?), de ter escrito, tivesse eu o talento dela. É um curto caso de amor intenso, durou dois, valeu por uma vida. Junto com ela por 135 páginas, reli um período de minha própria vida, da minha paixão.
Dizem que Amor é universal, todos, em algum momento da vida se depararão com ele. E sentirão, e viverão as  mesmas etapas: aquela alegria que quase dá vontade de gritar, ou de cantar alto na rua, de partilhar com os passantes, abordá-los para dizer: ei! olhe para a minha vida, eu estou apaixonada, estou amando, sou amada!!!
 Não acredito nisso. Acho que existem pessoas que entram e saem desta vida com quase tudo morno, não querem e não se permitem nunca a experiência de queimar a língua, de rasgar a alma. Escolhem o mais fácil, o menos doloroso. Eu garanto, e ouso dizer que a autora do livro também, não gostaria de chegar aos cinquenta, lá naquela hora em que sabemos  que a jornada está se aproximando do fim,  ainda que restem mais vinte, trinta anos, sem a certeza de que vivi tudo. E que se a vida terminasse ali, naquela hora, levaria a certeza de que tive o melhor e o pior de uma paixão, e que cada dia, cada pranto, cada madrugada, cada riso, tudo valeu.
No livro ela começa contando o melancólico e intenso e silencioso final, diz que sabia que entrava numa viagem sem destino, e que não sabia que doeria tanto. Ela diz que “ninguém pode saber um amor, entender um amor”, mas eu acredito que sabemos sim, mas que isto não nos pararia. Quem quer a vida, entra nela de cabeça, e penso nisso quando ela afirma que viveu dois anos em “constante estado de paixão e luto”, sabendo que em algum momento, aquele avassalamento passaria, e neste momento começaria outra jornada: a de levantar-se para seguir com a vida.
No livro há outros personagens sobre os quais ela diz pouco, e tem que ser assim. O tempo daquela paixão, daquele amor excluiu o resto do mundo. Tudo o mais teve que esperar, tudo diminuiu de tamanho: amigos, filhos. Era a hora daquele amor, de antemão descosturado. Não cabia mais ninguém.
E a retomada da vida é lenta, claudicante, muitas vezes com a estranha sensação de que não vai dar, de que nunca mais vai dar. A autora brilha, como brilha em cada crônica publicada aos domingos. Leio tudo o que ela escreve, sou muito fã de Martha Medeiros, mas neste FORA DE MIM, a verdade é que ela esteve dentro de mim, disse o que eu gostaria de ter dito, e não creio que eu seja a única leitora que sentiu ou se sentirá assim ao lê-la.
Por que escrevi hoje, e não quando o livro saiu? Porque li avidamente da primeira vez, aluguei muitas vezes, afinal o trabalho é este, aqui, alugam-se livros. Mas ele retornou ontem, e foi tudo como da primeira vez: a mesma empatia, o mesmo assombro. Como ela sabe tanto de mim?
Fica o convite para as três pessoas que lêem o blog, ou para os que visitam nossa página do facebook. Não percam. Pode ser também a sua história.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sobre o poeta Mario Cesariny e sobre o tanto que eu sou ignorante

Há textos que são tão bonitos que sempre me custa um bocado vir até este espaço e escrever o que quer que seja, afinal, todo mundo quer ser bom, e eu, amante de toda a palavra escrita, morro de inveja de quem consegue escrever um texto que esclarece e emociona pela forma como é feita esta escrita.
Todos os sábados eu leio o antigo Prosa &Verso do Jornal O Globo, no dia 01 de setembro não foi diferente. Tudo ali me encanta: os artigos, os informes sobre lançamentos de novos livros, enfim, para mim, se nada mais houvesse no jornal que me interessasse , o caderno por si só já seria um bom motivo para ter/ler o jornal. Pois bem,  no VERSO deste sábado havia uma matéria de Michel Gonçalves Mendes, sobre Mario Cesariny, poeta português , que ele chama de “expoente máximo do surrealismo português”, e que é totalmente desconhecido no Brasil.
O artigo todo é bonito demais, mas vi que eu mesma, que gosto tanto dos poetas portugueses também nada sabia sobre ele. Pelo artigo eu soube que ele também pintava, soube que segundo ele deveríamos rir de tudo, que a homossexualidade ( e adorei a forma como disse isto), era um desmesurado desejo de amizade, e que Portugal, por estar no extremo da Europa, não tinha grandes hipóteses como país. Enfim, gostei tanto das coisas que disse que fui buscar as poesias do homem e fiquei, mais uma vez com a certeza da minha enorme ignorância.
Bem, o artigo é maravilhoso, acho que vale a pena procurá-lo e lê-lo, mas encontrei alguns poemas de Mario, e deixo um deles aqui para que o leiam e tenho certeza de que o apreciarão tanto quanto eu.
  poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto    tão perto   tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


                   Mário Cesariny

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FACA AFIADA - Bartolomeu Campos Queirós

Trabalhar com livros deveria, primeiramente , fazer de mim alguém mais antenada com os bastidores da Literatura, mas não é o caso. Eu deveria saber mais deste autor, de seu jeito, da forma como criava, mas não foi o caso. Conhecia a obra, mas sabia bem pouco do autor.
Leio compulsivamente, e leio de tudo. De alguns livros gosto tanto que fico triste quando vejo que vão acabar, e os economizo; outros, leio porque faz parte também da função ao locá-los. Não consegui, nestes mais de 20 anos entre os livros não opinar até mesmo jogando contra mim. Muitos associados apreciam imensamente um autor, e lá vou eu, com a minha boca grande, e meto o pau no pobre dizendo do tanto que é raso, do tanto que ele não disse nada, reclamo dos romances melosos, mas numa idade aí, há uns séculos atrás, eu já devo ter gostado. Comecei a vida lendo “Memórias de um Burro” da Condessa de Ségur, foi este, em minha memória, o primeiro livro que li, mas daí para frente devorei tudo o que me caía nas mãos, trocava qualquer presente por um livro.
A leitura para mim continua sendo para me encantar ou para eu reclamar. Este me encantou.
No início do meu segundo casamento, meu marido vinha para casa com dez, quinze livros de uma vez eu achava que finalmente tinha encontrado, de verdade, o príncipe encantado. Imagina! Tudo o que eu queria. E devo a ele a abertura desta Locadora. O casamento virou uma boa amizade, mas sempre vou ter de agradecer a força que veio dele e que me trouxe até aqui. Obrigada você.
Mas toda esta falação vem da necessidade de dizer sobre uma matéria lida no sábado, dia 18 no Prosa, do Jornal O Globo: José Castello escreveu sobre Bartolomeu Campos Queirós, e eu encontrei o texto que eu precisava para dizer sobre um livro infantil do autor: FACA AFIADA. Fazia tempos que eu queria escrever sobre ele, mas precisei de Castello para entender melhor de que maneira o autor chegara a escrita do livro.
Deus, como ele escreve bonito! A escrita é sensível, poética, perfeita e dura. Não a li, embora ela seja, como uma história para crianças. Conta de uma família onde encontramos pobreza, mas proximidade, e aparentemente amor, cuidado, compreensão, mas na verdade chegamos a um rito de passagem, uma criança entrando bruscamente no mundo dos adultos, onde as coisas nem sempre são o que parecem ser. A quebra da imagem de perfeição dos pais, apesar da pobreza. A história corta, fere, dói. E transcrevo aqui o final do texto de Castello, pedindo desculpas por copiá-lo assim “ipsis litteris”, mas eu não saberia, nem no meu sonho de grandeza mais absurdo fazê-lo pelas minhas próprias palavras: - “Via Bartolomeu a escrita como uma rasteira que o escritor aplica ao leitor. Você acha que sabe isso e aquilo, acha que pensa aquilo e aquilo outro. Mas, ao ler uma ficção, ou um poema, seu mundo despenca”. Esta é a exata sensação que se tem ao ler FACA AFIADA, mas eu o indico, maravilhada, a todos aqueles que não perderiam por nada uma bela escrita numa história onde o final nos deixa tontos, estupefatos. Essa é a prova maior de que ele atingiu exatamente o que pregava: “Nosso real e, muitas vezes mais fantástico que a fantasia”.
Bartolomeu Campos Queirós faleceu em janeiro de 2012, aos 67 anos, e eu particularmente, sentirei falta de sua escrita.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

27/08/2012- DIA DO PSICÓLOGO

Sou uma criatura complicada, poucas pessoas percebem, afinal falo demais, dando a impressão de que tiro a vida de letra. Não é verdade. O mais das vezes olho à minha volta e acho tudo muito complicado, mil vezes me pergunto por que é tudo tão difícil?
E descobrindo que hoje é dia do psicólogo, achei que devia dizer obrigada às psicólogas que já me ajudaram, e que certamente ainda me ajudarão a entender, a seguir em frente, a descobrir que mesmo quando a vida parece bem difícil de carregar, sempre posso lembrar-me delas e com isso ficar mais uma vez animadinha  com a certeza de que não estou só.
Na verdade estou aqui para dizer sobre os livros que li e quem sabe levar outras pessoas que um dia, sabe-se lá quando, passarem por aqui, a se interessarem por eles, por isso hoje escolhi o Dr. Irvin D.Yalom e seu livro OS DESAFIOS DA TERAPIA para indicar àquelas pessoas que ainda têm tanta resistência de dividir o que incomoda com estas pessoas que nos escutam com tanto carinho.
Neste livro, que serve para todos, pacientes e terapeutas vemos Yalom dizendo inicialmente sobre ele mesmo, sobre há quanto tempo atende pessoas, sobre o envelhecimento e sua preocupação a respeito. Ele nos diz que seus pacientes não o deixam esquecer-se de que está envelhecendo, e de certa maneira ele pensa na morte e numa forma de deixar alguma coisa às gerações futuras de terapeutas. Há uma clara preocupação com o “onde é que isso vai parar?”, afinal os psicólogos clínicos enfrentam as pressões financeiras que muitas vezes os obrigam a enveredar por caminhos que talvez não quisessem escolher, afinal os planos de saúde não reembolsam grandes gastos com terapia, e por vezes eles são obrigados a se desviarem, optando por uma terapia breve e desta forma reembolsável. Mas ele tem fé de que todo este medo não se materialize,  e que os psicólogos continuem com o seu compromisso com a terapia pelo tanto que amam a profissão e com os motivos que os levam a optarem por ela.
O autor tem uma cultura geral muito vasta, e lê-lo é mais do que saber sobre terapia e terapeutas. Ele nos remete a vários autores como Rainer Maria Rilke (Cartas a Um Jovem Poeta),  a Karen Horney uma autora que os jovens terapeutas podem não conhecer, volta a Schopenhauer, e Hermann Hesse, enfim, dá uma vontade de ler ou de reler todos aqueles aos quais ele se refere.
E o autor segue orientando os terapeutas, mostrando aos pacientes o quanto eles são importantes para ele, para eles.
Hoje então, dia do psicólogo para você Luciana, e para você Priscilla que talvez nunca leiam isto eu deixo um beijo e o meu maior agradecimento pelo carinho que sempre tiveram comigo e com os meus pequenos e grandes demônios.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A GÁRGULA – Andrew Davidson



Há romances que são lançados, mas creio que poucas pessoas tomam conhecimento, e eles desaparecem das prateleiras, e infelizmente um livro maravilhosos passa e quase ninguém fica sabendo sobre ele. E este foi, para mim, o caso do livro citado acima. Nunca ouvi ninguém comentando sobre ele, o que é uma grande pena.
A história gira em torno de um homem que durante a maior parte de sua vida preocupou-se apenas em satisfazer seus próprios prazeres. A natureza fez dele um homem bonito e sedutor, mas para ele a aparência serve apenas para atender à sua própria demanda por sexo, por drogas e por tudo aquilo que preencha o enorme vazio que é a sua vida, até que numa sexta-feira, ao voltar mais uma vez bêbado e drogado de uma noite na esbórnia, perde a direção de seu carro, e como ele mesmo nos diz: “Os acidentes ocorrem, muitas vezes violentos, como o amor.”
Esta é a primeira frase do livro e o começo da história de nosso personagem, que depois de ter sobrevivido ao acidente, onde tem muito de seu corpo queimado passando então a sofrer “as torturas dos condenados, transformado numa figura grotesca, digna de pena.”
Passa a viver então no hospital onde foi socorrido., e tudo o que espera é que haja um momento de poder sair dali, ainda que nem saiba de verdade para onde, e possa então acabar com o que restou de seu corpo. E é então que aparece Marianne Engel, uma artista  plástica cuja especialidade  são as esculturas de gárgulas. Ela vive na ala psiquiátrica do hospital e que diz conhecê-lo de outras vidas.  Conta para ele que foram amantes na Alemanha medieval, e que nesta época ele era um mercenário e ela uma escriba no mosteiro de Engelthal. Afirma que foi uma das primeiras tradutoras de “Inferno”, parte da obra de Dante Alighieri, “A Divina Comédia”. Ela o informa que esta é a terceira vez que ele se queima de forma grave.
Ele a vê inicialmente apenas como uma louca que o distrai de suas muitas agonias, mas ela segue contando outras histórias, dizendo sobre um amor imortal entre os dois, e como uma Sherazade ela relembra para ele os lugares onde viveram até que a descrença deste homem começa a desmoronar, e ele percebe que não dá mais para fingir que as histórias não o atingem, tornando o que antes parecia impossível, difícil de ser ignorado. Ela o faz desejar tempo para saber até aonde vai a verdade do que diz.
Este foi o primeiro livro do autor, Andrew Davidson, fruto de sete anos de pesquisa, e ele consegue associar lugares tão completamente diferentes em tempo e espaço, com uma narrativa emocional sobre os muitos infernos dantescos existentes na história da humanidade.
Se você gosta de romances profundos, bem escritos, e que o pegarão desde a primeira linha, não pode deixar de procurar por este livro.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Se o assunto tenta ser sadomasoquismo, então acho que chegou a hora de pegar mais pesado

A discussão sobre CINQUENTA TONS... ainda segue, os jornais nos dizem que não sabemos o que perdemos enquanto não lemos o livro, (ou os livros), afinal vêm aí mais dois deles, e eu sigo indignada. Não porque o livro seja ruim. Não é. Mas o assunto é polêmico, obscuro, não faz parte das conversas mais comuns entre amigas, nunca sabemos ou saberemos, eu penso, quem de nós já experimentou, de alguma forma uma experiência destas, mas já falei sobre “A História de Ó”, que é um clássico da literatura erótica, que até mesmo o Guido Crepax eternizou num livro em quadrinhos bastante cuidado, e que até já fez parte do acervo desta Locadora. Mas existem dois outros, ambos de uma autora norte-americana chamada Laura Reese que já “rodam”faz tempo por aqui: “FALSA SUBMISSÃO” e DESEJO DE PÂNICO”.
Em FALSA SUBMISSÃO,  a protagonista Nora Tibbs é jornalista e resolve abandonar momentaneamente a profissão para ir em busca de vingança para sua irmã mais nova Frances que é encontrada morta em seu apartamento, brutalizada e torturada. Nora tem certeza de que sabe quem é seu assassino, Michael M., um professor de música com o qual sua irmã se envolvera.  Ao encontrar o diário da irmã ela vê que o homem se envolvera com sua irmã, levando-a iniciar uma jornada incondicional de submissão cujo final foi a morte.
E nossa heroína acredita que poderá fazê-lo admitir seu crime aproximando-se dele e deixando-se levar ao mundo enlouquecido que anteriormente ele  oferecera à sua irmã.  E eis que de repente ela acaba entrando num jogo perigoso onde os limites para a perversidade e a perversão são cada vez menores, e onde a cada momento ela se vê mais e mais enredada pelo magnetismo do Sr. M.
O livro, quando do lançamento encontrava-se no gênero de suspense, mas ia muito além disso.  Inquietante, obsessivo, acompanhamos Nora, que em busca de sua vingança acaba penetrando num mundo que ela jamais imaginara, e pior, descobre-se participando dos jogos eróticos de Michael descobrindo o prazer da submissão, da dor, da degradação, enfim, sua vingança a leva a lugares onde nunca esteve nem em seus sonhos mais estranhos. Nora jamais acreditaria se lhe dissessem que uma mulher tão independente, tão segura de si, e que anteriormente sempre fora a dominante em suas relações pudesse chegar até onde Michael M. a leva. Este sim, é um livro sobre sadomasoquismo. Esse dói!

DESEJO DE PÂNICO – Segundo romance da mesma autora, e caminhando nos mesmos moldes.
Carly, a personagem principal é encontrada quase morta numa estrada, seu corpo ferido, quebrado, seu rosto destruído. Ninguém a procura no hospital, os médicos refazem sua face como imaginam. Sua memória apagou-se, ela não sabe quem é, o que houve, e nem que lhe causou todos aqueles ferimentos. Tinha dezessete anos, muitas cicatrizes, nenhuma lembrança. Os médicos remendam seu corpo, mas nunca conseguiram chegar à sua mente.  Aos vinte anos sai do hospital, viaja, retoma sua vida, estuda Inglês, mas acaba entrando para o ramo dos restaurantes, torna-se chef num restaurante famoso, mas é uma pessoa solitária. Pergunta-se constantemente quem foi, e porque motivo nunca foi procurada por ninguém, não tem amizades profundas, e não entende o fato de não querer sair do norte das Califórnia. Sua interação com as pessoas é superficial,  embora todos gostem dela. Durante anos procurou respostas para seus desconfortos: não gosta de pisos de tijolos, não sai com homens grandalhões, não gosta lugares fechados ou escuros.
Até que encontra numa revista, a Wine Spectator, a foto de um homem alto, louro, de pé num parreiral. É um homem grande, forte, e que parece à vontade apresentando a vinícola da família. Há ainda uma foto anterior, de vinte anos para trás, onde o mesmo homem, mais jovem, o rosto sem marcas, de alguma forma trás para ela a sensação de, ele fez parte de seu passado, e de sua história. Ele é o dono da vinícola Byblos, e a administra com a família. Seu nome: James McGuane. Ao saber que eles estão em busca de uma nova chef de cuisine, candidata-se ao cargo, mudando-se para Napa Valley em busca de sua história.
Lá chegando, acaba se envolvendo sexualmente com James, descobrindo nele um dominador e o provável culpado por tudo o que houve em sua vida. E começa com ele um jogo de dominação que cresce a cada momento, envolvendo os dois numa rede de intrigas e de jogos sexuais perigosos que podem levá-los mais uma vez ao crime ou a morte.
Bem, nestes dois livros encontro o que realmente chamo de práticas de sadomasoquismo, e que eu acho fariam que Ana achasse Christian Grey quase um santo.
E eu prometo que agora paro de dizer sobre sadomasoquismo, mas não podia deixar de fazê-lo antes de apresentar estes dois livros a vocês.

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cinquenta Tons de Cinza... de novo...

Quando postei um comentário sobre o livro estava começando a lê-lo, agora, já quase no final, e depois de conversar um tanto com a minha amiga Deborah, ela me remeteu à História de Ó, disse-me que a autora pareceu criar seu livro meio que com base neste clássico da Literatura Erótica. A partir dali, recomecei a leitura tentando lembrar-me do livro. Escrito  por Anne Decloss, sob o pseudônimo de Pauline Reage, conta a história de uma fotógrafa de moda que decide entregar-se, sem reservas a seu amante, que a conduz a Roissy, um castelo isolado onde outras mulheres, como ela também aprendem a submeter-se. Lá, Ó é treinada para ser a mulher que seu homem deseja. Lá, ela é chicoteada, amarrada e aprende a estar disponível para seu amante, sempre segundo a vontade dele, mas  durante todo o tempo é como se ela soubesse que ainda detém um enorme poder sobre ele. Após o treinamento, seu amante a “empresta” a um outro dominador, Sir Stephen, ainda mais cruel que seu amante,e acaba por apaixonar-se por ele, tornando-se então completamente submissa aos seus desejos.
Mas retornando aos CINQUENTA TONS DE CINZA  , encontramos um dominador muitíssimo jovem, milionário, Christian Grey, que resolve fazer de nossa heroína uma submissa. O romance não é de todo ruim, mas eu, particularmente, não consigo pensar num dominador tão jovem, sabe-se lá porque, imagino que um dominador deveria ser mais maduro. A heroína é virgem, seu primeiro contato sexual é com o jovem Christian, tendo sido ele mesmo iniciado sexualmente como um submisso por uma mulher mais velha. Há alguns argumentos meio descosturados: ele é adotivo, mas lá pelas tantas, ao conhecer a família do moço, Anastasia diz que ele se parece com o pai, ele é fechado como uma ostra, e atribui essa introspecção ao fato de ter sido maltratado enquanto era criança, mas a família parece adorá-lo, tem irmãos que também o amam, enfim, o rapaz me passa uma impressão engraçada de “rebelde sem causa”, e muito bem sucedido.
Este volume já está no final, ainda faltarão mais dois, um deles saindo agora em 12 de setembro: CINQUENTA TONS MAIS ESCUROS, e eu me pergunto aonde isso vai dar? Não é um mal livro, não deve ser, afinal está em primeiro lugar  em todas as listas de mais vendidos, mas ainda não me convenceu.
Eu, particularmente acho que estas relações não são feitas por contratos, como ele pretende.  As relações de submissão acontecem, o movimento chega sem que possamos dominá-lo, quando damos por nós, a história já está acontecendo e já estamos enredados nesta teia.


Bem, seguirei lendo e pediria às pessoas que o lerem que me ajudem, que dêem sua opinião,sobre para ver se estou pedindo muito.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nelson Rodrigues: 100 anos


Sabemos que no dia 23 de agosto, na próxima quinta-feira, Nelson Rodrigues faria 100 anos, e multiplicam-se as comemorações, e eu aqui fico pensando em tudo de incrível que ele escreveu. Sua obra é vastíssima, e esta locadora tem quase tudo que ele escreveu, mas quantas vezes seus livros saem da prateleira? Acho melancólico que tantas pessoas tenham a enorme dificuldade de ler os autores brasileiros; não tenho absolutamente nada contra os estrangeiros, ao contrário, gosto de muitos, mas nestes quase 22 anos pude observar que muitos dos nossos enormes talentos literários são muito pouco procurados. Entre eles o nosso Nelson Rodrigues. E ele é mais que demais.
Estou aqui na minha frente com Flor de Obsessão (as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues) e escolhi algumas das que mais gosto para partilhar com vocês. Quem sabe você gosta de alguma, acaba se lembrando de uma das muitas coisas escritas por ele, e conta para uma amiga, que conta para outra e, de repente tudo o que eu tenho dele volta a sair da prateleira como na época que a Companhia das Letras começou a  reeditar sua obra.
Neste livro estão várias frases fantásticas, escolhi algumas e agora as divido com você. Experimente, leia... quem sabe você gosta, e sem que seja preciso fazer 100 anos para ser lembrado,  o grande Nelson torne a ir passear fora das minhas prateleiras?
Amigo-  “Se Deus me intimasse a optar entre o Hélio Pellegrino e a humanidade, eu daria a seguinte e fulminante resposta: - “Morra a humanidade”. E, com isso, ficaria claro para mim, o amigo é o grande acontecimento, e repito: - só o amigo existe e o resto é paisagem.”
Brasil-   “O Brasil é muito impopular no Brasil.”
Canalha - “No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. O Otto Lara está certo. O mineiro só é solidário no câncer.”
Desconfiança-  “Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurastênica.”
Dinheiro-  “Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.”
Futebol – “ O futebol  é o mais falado e o mais pornográfico dos esportes. Ele se nutre da pornografia como uma planta de luz.”
Moralismo – “Minhas peças têm um moralismo agressivo, Nos meus textos, o desejo é triste, a volúpia é trágica e o crime é o próprio inferno. O espectador vai para casa apavorado com todos os seus pecados passados, presentes e futuros. Numa época em que a maioria se comporta sexualmente como vira-latas, eu transformo um simples beijo numa abjeção eterna.”
Creio que eu poderia ficar a noite toda  aqui, partilhando com você todas as frases dele que gosto, e talvez elas nem sejam aquelas que você gosta, mas não dá para negar que este homem, que no próximo dia 23 faria 100 anos e que não cansa de nos surpreender, é o mais moderno dos homens.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dizendo um pouco sobre livros


Vez em quando, um livro retorna à Locadora e percebo que ele esteve fora por muito tempo. E quem me conhece sabe como eu sinto saudade de livro daí, quando percebo lá estou eu, relendo trechos, lembrando da história. Algumas vezes o levo para casa e começo de verdade a relê-lo, mas atualmente isto não é muito fácil, afinal, à minha direita há sempre pelo menos mais uns 20 novinhos em folha precisando, urgentemente, da minha atenção e aí vem a culpa, releio o livro rapidamente, ou fico apenas com alguns trechos dos quais gostei mais. Hoje, depois de muito tempo, uns meses, penso, eis que retornou “A Descoberta do Mundo” de Clarice Lispector.
Fiz o que fazemos sempre, passei álcool na capa para guardá-lo, mas não resisti, e lá fui eu: li uma crônica, outra, e já estava quase querendo carregá-lo comigo quando encontrei uma bem pequenininha... linda demais, e resolvi então colocá-la aqui para que você, alguém a leia comigo.
ENIGMA
            Ela estava vestida de uniforme listrado de empregada, mas falava como dona-de-casa. Viu-me subir as escadas cheia de embrulhos e parando para sentar nos degraus – os dois elevadores estavam enguiçados. Ela morava no quinto andar, eu no sétimo. Subiu comigo segurando alguns dos meus embrulhos numa das mãos, e na outra o leite que comprara. Quando chegou ao quinto andar, botou o leite em casa dela entrando pela porta de serviço, depois fez questão de segurar meus embrulhos e de subir comigo até o sétimo.
Que mistério era esse: falava como dona-de-casa, seu rosto era o de dona-de-casa, e no entanto estava uniformizada. Sabia do incêndio que eu sofrera, imaginava a dor que eu sentira, e disse: mais vale a pena sentir dor do que não sentir nada.
- tem pessoas – acrescentou – que nunca ficam nem deprimidas, e não sabem o que perdem.
            Explicou-me, logo a mim, que a depressão ensina muito.
E - juro – acrescentou o seguinte: “A vida tem que ter um aguilhão, senão a pessoa não vive.” E ela usou a palavra aguilhão, de que eu gosto. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

CINQUENTA TONS DE CINZA


O livro sobre o qual as pessoas vêm comentando atualmente , cuja autora é  E.L. James tem um nome curioso:  Cinquenta Tons de Cinza.,  e é o primeiro volume de uma trilogia.
Ele começa quando a estudante de Literatura Anastasia Steele vai prestar um favor a sua melhor amiga que se encontra adoentada, e vai entrevistar um jovem bilionário Christian Grey. E é então que ela se depara com um homem diferente de todos outros que conhecera anteriormente. Ele é um belo homem, é brilhante e imediatamente ela vê nele um dominador, alguém acostumado a ter todas as suas ordens imediatamente atendidas. Anastasia é jovem, e mesmo a contragosto fica encantada com o tipo. Ele, misterioso e enigmático, sente-se atraído também por sua beleza e por seu espírito independente. Sua amiga Kate, a quem Ana foi prestar o favor de entrevistá-lo a avisa que se afaste dele, que na verdade ele representa perigo para ela, mas é tarde demais; Anastasia já está seduzida por Christian e ele também a deseja, mas em seus próprios termos. As diferenças entre eles vão além da diferença econômica ou de classe social, e Christian apresenta a ela uma lista de exigências para ficarem juntos que vai muito além do convencional, mas parece que já é tarde, Ana aceita o desafio de descobrir sobre seus desejos mais íntimos, mas descobrirá também sobre o lado obscuro da personalidade do homem que deseja.
Comecei ontem este primeiro livro, e sigo curiosa a respeito. E você? Já o leu? Que tal conversarmos sobre isso?
Fica a sugestão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma ótima semana a todos!






Segunda-feira é mais difícil porque é sempre a tentativa do começo de vida nova. 
Façamos cada domingo de noite um reveillon modesto, pois se meia noite de domingo não é começo de Ano Novo é começo de semana nova, o que significa fazer planos e fabricar sonhos.

           Clarice Lispector

domingo, 12 de agosto de 2012

BIENAL DE SÃO PAULO 2012 - Jorge Amado


Este ano, a Bienal do Livro de São Paulo homenageia o nosso eterno Jorge Amado.
E que tal conhecermos um pouco deste ícone da literatura brasileira?

Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi com apenas um ano para Ilhéus, onde passou a infância. Mudou-se para Salvador, onde passou a adolescência e entrou em contato com muitos dos tipos populares que marcaria sua obra.
Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".
Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seu primeiro romance foi "O País do Carnaval" (1931).
Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceu a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro".
Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).
Voltando para o Brasil durante o Segunda Guerra Mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra", no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário "Hoje" (1945). Anos depois, no Rio, participou da direção do semanário "Para Todos" (1956-8).
Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro, por São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura.
Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras. Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos.
Seu último livro foi "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).
Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças de teatro, histórias infantis e até um guia de viagem. Jorge Amado foi casado com Zélia Gattai, também literata e autora da famosa obra "Anarquistas, Graças a Deus" (1979). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.
Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi cremado, e as cinzas, colocadas ao pé de uma mangueira em sua casa.
Existe uma fundação em seu nome, intitulada Fundação Casa de Jorge Amado, que vale a pena um passeio virtual.

Ficou com vontade de ler este maravilhoso escritor?
Então entre em contato conosco!
Veja só dos títulos de Jorge Amado que temos aqui em nossa Locadora, e melhor, entregamos em sua casa!
- a Morte e a morte de Quincas Berro d'água
- Jubiabá
- ABC de Castro Alves
- Os Capitães de Areia
- O Amor do Soldado
- Ásperos Tempos
- Tereza Batista Cansada de Guerra
- Terras do Sem Fim
- Tenda dos Milagres
- Tieta do Agreste
- O Sumiço da Santa
- O Capitão de Longo Curso
- Os velhos Marinheiros
- Tocaia
- No País do Carnaval
- São Jorge dos Ilhéus
- Mar Morto
- Navegação de Cabotagem
- Farda, Fardão Camisola de Dormir
- Dona Flor e Seus Dois Maridos
- A Descoberta da América pelos Turcos

sábado, 11 de agosto de 2012

Sempre Pablo Neruda

VELHO CEGO, choravas quando tua vida era
boa, quando possuías nos teus olhos o sol:
Mas se o silencio já chegou, o que é que esperas,
O que é que esperas, cego, desta maior dor?

Em teu rincão pareces menino nascido
Sem os pés para a terra, sem olhos para o mar
E como os animais dentro da noite cega
- sem dia e sem crepúsculo - cansas de esperar.

Porque se conheces o caminho que leva
Em dois ou três minutos para a vida nova,
Velho cego, o que esperas, que podes esperar?

E se pela amargura mais dura e destino,
animal velho e cego sem caminho e tino
eu que tenho dois olhos saberei te ensinar

(Pablo Neruda, do livro Crepusculário)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

James Joyce deu o que falar esta semana!

Esta semana tivemos uma troca de farpas entre o crítico literário do The Guardian e Paulo Coelho.
O escritor brasileiro disse em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo que Ulysses, a grande obra de James Joyce, era só estilo, e que se dissecássemos a obra teríamos apenas um "twit".
Esta entrevista deu uma sacudida nos fãs de Joyce, que se indignaram aos milhares no Facebook.
Criticando o autor brasileiro, o crítico inglês Samuel Johnson do The Guardian disse que "um mosquito pode picar um cavalo, mas o cavalo continuará sendo um cavalo, e o mosquito, nada mais do que um mosquito."
Farpas de lado, temos que render homenagem à obra.
A ação de ULISSES transcorre em Dublin num único dia, 16 de junho de 1904, e é narrada através de um prelúdio em três partes, um núcleo de doze capítulos e um final tripartido. A divisão ternária, em perfeita simetria, evoca as significações cabalísticas do três. Estudos receentes de lingüística, com auxílio de computador, dão ULISSES como aobra de estrutura matematicamente mais perfeita de toda a literatura. A linguagem utilizada por Joyce, que vai do poema à ópera, do sermão à farsa, contém não apenas termos usuais - da prosa clássica à mais grosseira gíria -, mas também elementos criados pelo escritor com base em seus conhecimentos de latim, grego, sânscrito e uma vintena de idiomas modernos. Fazendo um paralelo com a Odisséia de Homero, Joyce cria uma viagem experimental ao mundo de hoje, obtendo vigorosa síntese de suas descobertas científicas, seus problemas sociais, religiosos, estéticos, sexuais. As personagens centrais correspondem aos protagonistas da epopéia grega: Mary Bloom, esposa do herói, é Penélope; Stephen Dedalus é Telêmaco, Leopold Bloom é Ulisses. Na versão de Joyce, a imagem de Ulisses é a de um ser arrasado, traído pela mulher, totalmente distinto do invencível herói criado por Homero.

terça-feira, 13 de março de 2012

O que existe entre nós e nossos interlocutores

Para os amantes de um bom livro, nada melhor e mais revigorante do que uma boa conversa sobre nossas impressões  "daquele livro".
Mas tem coisa mais chata do que quando você está falando o interlocutor fica mexendo no seu celular?

por isso vale a pensa refletir sobre este texto da Claudia Matarazzo

Desligar é preciso
O espaço virtual é cada vez mais ocupado, frequentado, comentado. Ele hoje é tão real que, em pouco tempo, a fronteira e o nome para diferenciá-lo do mundo real serão imperceptíveis.
E a velocidade da evolução das novas tecnologias pede frequentes ajustes na chamada “netiqueta”, justamente para refletir e regular as relações e a comunicação virtual.
Pode reparar: a conversa olho no olho, agora, é interrompida por frequentes olhares de saudade para o tablet ou celular — sempre à vista e à mão em posição privilegiada, como um terceiro hóspede. É frustrante. O celular virou um companheiro praticamente inseparável, e tem sido o grande vilão quando se trata de extrapolar. As pessoas que estão com você ao vivo merecem mais atenção do que o aparelho. É simples assim, e se não consegue desligá-lo quando necessário, comece a se exercitar para dominar a ansiedade.
Sim, eu sei que pouca gente faz isso. É por isso que vemos verdadeiras barbaridades em público, e a promiscuidade impera nas comunicações.
Pense nisso e faça a diferença.
O Facebook, com milhões de usuários, desenvolveu-se de forma muito particular. Assim, é bom estar familiarizado com certos “modos de fazer”. Por exemplo: não peça a alguém para ser seu amigo mais de uma vez. E não se ofenda se alguém não te aceitar. É um direito. Tampouco faça pedidos de amizade a amigos dos seus amigos se você não os conhece. Alguns usuários medem seu prestígio pela quantidade de amigos, mas isso é bobagem. E cuidado com o que postar. Falar mal de alguém pensando que a pessoa não vai saber só porque não está em sua lista de amigos é um enorme engano. É bom lembrar que a elegância passa por tudo, inclusive pela internet e suas redes sociais. Assim, convém ter a noção de que mesmo uma presença virtual implica uma educação real.
Vamos às webcams: hoje, há uma verdadeira compulsão por desvendar intimidades diante de “quanto mais pessoas, melhor”. Ora, as câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais, escritórios e prédios públicos já nos mostram em elevadores, dentro dos edifícios e nas ruas. Para que mais exposição? A privacidade e a exclusividade, mais do que nunca, tornaram-se um luxo, e, mais do que isso, uma meta a se perseguir se quisermos ser realmente elegantes.
Em relação ao Twitter, suas mensagens de 140 toques permitem uma comunicação muito mais rápida e dinâmica. Ótimo. Porém, com 140 toques, ou falamos algo sensacional ou é melhor nem teclar. Evite o comentário gratuito ou o que napenas concorda e “paga pau” o tempo todo. Só vale se agregar algo, concorda?
O mundo mudou — e muito — por conta das novas tecnologias. Se para melhor ou pior, só saberemos em mais algumas décadas, pois ainda estamos semi-hipnotizados por essas mudanças que, para quem não nasceu com elas (como eu), ainda parecem magia. No entanto, a mudança na base de valores que regiam nossas vidas até então é visível e até palpável. Se toda essa tecnologia vier a melhorar o relacionamento entre as pessoas (e não apenas facilitar a vida prática), ela terá alçado o seu fim. Mas, para que isso aconteça, é preciso disciplina para que aprendamos a usar e, principalmente, dominar as máquinas e o seu tempo de uso. Não é fácil, pois essas máquinas não têm emoção, não ficam carentes e nem se viciam. Nós, sim. Porém, resta-nos o livre arbítrio, o bom senso e — a nosso favor — a paixão. De modo que é possível usar todas essas novidades com mais benefícios do que prejuízos. Ainda bem.
*ClaudiaMatarazzo