quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Acabei de ler ontem FANTASMA, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, e é daqueles livros que a gente lê de "uma sentada". Uma vez começado seguimos com ele até o final sem ter vontade de parar para um intervalo.
Dizendo desta forma fica parecendo que foi o melhor livro que eu li, ou o melhor livro do autor. Não, não é, mas é mais uma história do meu delegado preferido, Espinosa, e conta mais uma história passada, como as outras, quase que inteira em Copacabana.
Um homem é assassinado na rua e só quem teve a possibilidade de ter visto algo é uma moradora de rua. Princesa, como é conhecida,  é uma mulher obesa, branca, bonita e cujos modos nada têm a ver com as pessoas que normalmente encontramos nas ruas. Mas esta testemunha diz que nada viu, e que dormia quando houve o crime. Na verdade muitas vezes, Princesa confunde realidade e fantasia. Cabe ao delegado conseguir que esta testemunha o ajude a chegar ao por que do assassinato e consequentemente ao assassino.
E quem já leu o autor sabe como ele faz isso bem. O livro é uma delícia.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

EESPANCANDO A EMPREGADA - ROBERT COOVER

Pois é, soube ontem que "Falsa Submissão" havia sido reeditado com uma nova capa, inclusive mais bonita, mais chique. Fui para casa acabando de ler para poder colocar no acervo o "Cinquenta Tons Mais Escuros". O povo quer continuar a história.
Será que entramos agora, assim como com os vampiros, na temporada do erotismo. Será que vamos ter muitas trilogias eróticas até que mude a moda? Quantos outros autores publicarão sobre o mesmo assunto? A Editora Paralela lança um concurso de conto erótico, enfim, está me parecendo que sexo (com um tom mais pesado) está no ar. E eis que lembrei de um livro de 1989, de um autor que eu acho que poucos conhecem: Robert Coover. Ao menos para causar escândalo vou deixar aqui um resumo do livro. Quem sabe uma das três pessoas que vêm até aqui dar uma olhadinha se anima a lê-lo. A moda está aí de novo, e este pega mesmo mais pesado que os outros.

O livro se passa num tempo meio indefinido, não dá muito para saber se estamos no tempo presente, mas todas as manhãs a empregada entra no quarto de seu patrão com o objetivo de limpá-lo. Ela carrega todo o material necessário para a limpeza e é observada por ele que sempre encontra alguma falha nos gestos da moça, ele é capaz de ver a menor imprecisão e, em nome da lei e da ordem, a empregada está prestes a ser espancada.
"tanto a empregada como o patrão estão presos num ritual cotidiano no qual surgem relatos recorrentes de sonho, ideias torturantes de purificação e a descoberta de objetos estranhos e ameaçadores. Não há como fugir do laço que escraviza estas duas personagens sem nome que, por isso mesmo, representam o lado escuro de cada um de nós.
De repetição em repetição, ESPANCANDO A EMPREGADA, nos leva a uma zona crepuscular e indefinida, verdadeira encruzilhada dos ciclos da vida e de morte, da criação e da destruição, da busca paradoxal do amor através do ultraje e da profanação. Os papeis e a norma são radicalmente invertidos nesta obra que celebra o poder da criação literária. O autor nos traz as lições de abismo que assombram a tradição literária do Marques de Sade e de Sacher-Masoch."

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

RELÍQUIAS - TESS GERRITSEN

Minha profissão é ler, mas infelizmente não é escrever. Sou boa contadora de histórias, e quando me perguntam por um livro fico completamente entusiasmada e saio contando. Tenho uma locadora de livros. Se conto a história toda, para que o associado vai pegar o livro para ler? Então eles me param, e eu fico esperando que depois de ler, possamos comentar a história.
Certos autores quando começam a publicar no Brasil nos entusiasmam muito. Gosto de suspense, histórias sobre serial killers, assassinos que nos arrepiam, daqueles que ficamos nos perguntando: será que é possível existir, de verdade, um ser desse jeito? Com esse grau de maluquice ou maldade? Ou eles são apenas a criação de uma mente muito criativa?
Quando saiu o primeiro livro da Tess Gerritsen traduzido aqui pela Record, “O Cirurgião”, eu achei maravilhoso, gostei daquela legista, Maura Isles, séria, com uma história de vida meio mal resolvida, mas com uma vida profissional irrepreensível. O assassino, perfeito em sua maldade. A policial Jane Rizzolli, uma descendente de italianos meio bronca, mas competente e com uma meiguice embutida naquela grossura toda. Uma ótima história. E veio “O Dominador”, onde ela mantém o ritmo, o mesmo assassino, e o poder de prender do livro. Depois desses vieram outros menos empolgantes: “Desaparecidas”, “Jardim de Ossos”, “Clube Mefisto”, “Vida Assistida”, e as histórias ficaram meio óbvias embora o meu queridíssimo Stephen King venha em cada capa atestar que: “Tess Gerritsen é leitura obrigatória em minha casa.”
Aproveitando que a autora vendia bem, a Record deu uma investida no sucesso de vendas  da moça e nos brindou  com o chatíssimo “O Delator”, e eu continuei a lê-los porque, como disse lá no início: minha profissão é essa.
Mas neste sábado, assim meio desanimada, peguei o lançamento “Relíquias”, e eis que me peguei ficando animada.  A história é boa gente!
A doutora Maura Isles é chamada para autenticar a idade de uma múmia encontrada nos porões de um pequeno museu. A peça se encontra em excelente estado de conservação, os testes de carbono 14 foram feitos nas faixas de linho que a envolvem comprovando que se trata de tecido antiqüíssimo, aparentemente do século II a.C., mas ao passá-la pelo tomógrafo, veem que há um metal na perna de Madame X, (nome dado à múmia pelos curadores do museu), e aprofundando um pouco mais o exame, a doutora Isles vê que é uma bala. Para infelicidade do curador do museu, a peça é transportada para o necrotério onde descobrem que se trata de uma mulher de mais ou menos 35 anos, e o cadáver, embora tratado para parecer uma antiga múmia egípcia, apenas escondia um crime.
Fazendo uma varredura nos porões do museu, encontram outras provas de que mulheres estão sendo assassinadas e transformadas em relíquias. Todas são morenas, todas têm cabelos pretos,  são de uma beleza acima da média, e coincidentemente muito parecidas com a arqueóloga, a jovem Josephine Pulcillo, assistente do curador do museu. Neste momento, e Tess Gerritsen consegue segurar bastante bem a narrativa, começa a caçada ao serial killer que Jane Rizzolli e Maura Isles têm certeza de que ainda está atuante.
Bem, o livro é ágil, curioso, bem escrito, seguimos todo o tempo querendo descobrir o seu final, enfim, mais próximo dos melhores livros já escritos pela autora. Um livro que não decepciona.