Todos os sábados eu leio o antigo Prosa &Verso do Jornal
O Globo, no dia 01 de setembro não foi diferente. Tudo ali me encanta: os
artigos, os informes sobre lançamentos de novos livros, enfim, para mim, se
nada mais houvesse no jornal que me interessasse , o caderno por si só já seria
um bom motivo para ter/ler o jornal. Pois bem,
no VERSO deste sábado havia uma matéria de Michel Gonçalves Mendes, sobre Mario Cesariny, poeta português , que ele chama de “expoente máximo do surrealismo português”,
e que é totalmente desconhecido no Brasil.
O artigo todo é bonito demais, mas vi que eu mesma, que gosto
tanto dos poetas portugueses também nada sabia sobre ele. Pelo artigo eu soube
que ele também pintava, soube que segundo ele deveríamos rir de tudo, que a
homossexualidade ( e adorei a forma como disse isto), era um desmesurado desejo
de amizade, e que Portugal, por estar no extremo da Europa, não tinha grandes
hipóteses como país. Enfim, gostei tanto das coisas que disse que fui buscar as poesias do homem e
fiquei, mais uma vez com a certeza da minha enorme ignorância.
Bem, o artigo é maravilhoso, acho que vale a pena procurá-lo
e lê-lo, mas encontrei alguns poemas de Mario, e deixo um deles aqui para que o
leiam e tenho certeza de que o apreciarão tanto quanto eu.
poema
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
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