terça-feira, 13 de março de 2012

O que existe entre nós e nossos interlocutores

Para os amantes de um bom livro, nada melhor e mais revigorante do que uma boa conversa sobre nossas impressões  "daquele livro".
Mas tem coisa mais chata do que quando você está falando o interlocutor fica mexendo no seu celular?

por isso vale a pensa refletir sobre este texto da Claudia Matarazzo

Desligar é preciso
O espaço virtual é cada vez mais ocupado, frequentado, comentado. Ele hoje é tão real que, em pouco tempo, a fronteira e o nome para diferenciá-lo do mundo real serão imperceptíveis.
E a velocidade da evolução das novas tecnologias pede frequentes ajustes na chamada “netiqueta”, justamente para refletir e regular as relações e a comunicação virtual.
Pode reparar: a conversa olho no olho, agora, é interrompida por frequentes olhares de saudade para o tablet ou celular — sempre à vista e à mão em posição privilegiada, como um terceiro hóspede. É frustrante. O celular virou um companheiro praticamente inseparável, e tem sido o grande vilão quando se trata de extrapolar. As pessoas que estão com você ao vivo merecem mais atenção do que o aparelho. É simples assim, e se não consegue desligá-lo quando necessário, comece a se exercitar para dominar a ansiedade.
Sim, eu sei que pouca gente faz isso. É por isso que vemos verdadeiras barbaridades em público, e a promiscuidade impera nas comunicações.
Pense nisso e faça a diferença.
O Facebook, com milhões de usuários, desenvolveu-se de forma muito particular. Assim, é bom estar familiarizado com certos “modos de fazer”. Por exemplo: não peça a alguém para ser seu amigo mais de uma vez. E não se ofenda se alguém não te aceitar. É um direito. Tampouco faça pedidos de amizade a amigos dos seus amigos se você não os conhece. Alguns usuários medem seu prestígio pela quantidade de amigos, mas isso é bobagem. E cuidado com o que postar. Falar mal de alguém pensando que a pessoa não vai saber só porque não está em sua lista de amigos é um enorme engano. É bom lembrar que a elegância passa por tudo, inclusive pela internet e suas redes sociais. Assim, convém ter a noção de que mesmo uma presença virtual implica uma educação real.
Vamos às webcams: hoje, há uma verdadeira compulsão por desvendar intimidades diante de “quanto mais pessoas, melhor”. Ora, as câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais, escritórios e prédios públicos já nos mostram em elevadores, dentro dos edifícios e nas ruas. Para que mais exposição? A privacidade e a exclusividade, mais do que nunca, tornaram-se um luxo, e, mais do que isso, uma meta a se perseguir se quisermos ser realmente elegantes.
Em relação ao Twitter, suas mensagens de 140 toques permitem uma comunicação muito mais rápida e dinâmica. Ótimo. Porém, com 140 toques, ou falamos algo sensacional ou é melhor nem teclar. Evite o comentário gratuito ou o que napenas concorda e “paga pau” o tempo todo. Só vale se agregar algo, concorda?
O mundo mudou — e muito — por conta das novas tecnologias. Se para melhor ou pior, só saberemos em mais algumas décadas, pois ainda estamos semi-hipnotizados por essas mudanças que, para quem não nasceu com elas (como eu), ainda parecem magia. No entanto, a mudança na base de valores que regiam nossas vidas até então é visível e até palpável. Se toda essa tecnologia vier a melhorar o relacionamento entre as pessoas (e não apenas facilitar a vida prática), ela terá alçado o seu fim. Mas, para que isso aconteça, é preciso disciplina para que aprendamos a usar e, principalmente, dominar as máquinas e o seu tempo de uso. Não é fácil, pois essas máquinas não têm emoção, não ficam carentes e nem se viciam. Nós, sim. Porém, resta-nos o livre arbítrio, o bom senso e — a nosso favor — a paixão. De modo que é possível usar todas essas novidades com mais benefícios do que prejuízos. Ainda bem.
*ClaudiaMatarazzo

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