A discussão sobre CINQUENTA
TONS... ainda segue, os jornais nos dizem que não sabemos o que perdemos
enquanto não lemos o livro, (ou os livros), afinal vêm aí mais dois deles, e eu
sigo indignada. Não porque o livro seja ruim. Não é. Mas o assunto é polêmico,
obscuro, não faz parte das conversas mais comuns entre amigas, nunca sabemos ou
saberemos, eu penso, quem de nós já experimentou, de alguma forma uma
experiência destas, mas já falei sobre “A
História de Ó”, que é um clássico da literatura erótica, que até mesmo o
Guido Crepax eternizou num livro em quadrinhos bastante cuidado, e que até já
fez parte do acervo desta Locadora. Mas existem dois outros, ambos de uma
autora norte-americana chamada Laura Reese que já “rodam”faz tempo por aqui: “FALSA SUBMISSÃO” e DESEJO DE PÂNICO”.
Em FALSA SUBMISSÃO, a protagonista Nora Tibbs é jornalista e
resolve abandonar momentaneamente a profissão para ir em busca de vingança para
sua irmã mais nova Frances que é encontrada morta em seu apartamento,
brutalizada e torturada. Nora tem certeza de que sabe quem é seu assassino,
Michael M., um professor de música com o qual sua irmã se envolvera. Ao encontrar o diário da irmã ela vê que o
homem se envolvera com sua irmã, levando-a iniciar uma jornada incondicional de
submissão cujo final foi a morte.
E nossa heroína acredita que poderá fazê-lo admitir seu crime
aproximando-se dele e deixando-se levar ao mundo enlouquecido que anteriormente
ele oferecera à sua irmã. E eis que de repente ela acaba entrando num
jogo perigoso onde os limites para a perversidade e a perversão são cada vez
menores, e onde a cada momento ela se vê mais e mais enredada pelo magnetismo
do Sr. M.
O livro, quando do lançamento encontrava-se no gênero de
suspense, mas ia muito além disso.
Inquietante, obsessivo, acompanhamos Nora, que em busca de sua vingança
acaba penetrando num mundo que ela jamais imaginara, e pior, descobre-se
participando dos jogos eróticos de Michael descobrindo o prazer da submissão,
da dor, da degradação, enfim, sua vingança a leva a lugares onde nunca esteve
nem em seus sonhos mais estranhos. Nora jamais acreditaria se lhe dissessem que
uma mulher tão independente, tão segura de si, e que anteriormente sempre fora
a dominante em suas relações pudesse chegar até onde Michael M. a leva. Este
sim, é um livro sobre sadomasoquismo. Esse dói!
DESEJO DE PÂNICO – Segundo romance da mesma autora, e
caminhando nos mesmos moldes.
Carly, a personagem principal é encontrada quase morta numa
estrada, seu corpo ferido, quebrado, seu rosto destruído. Ninguém a procura no
hospital, os médicos refazem sua face como imaginam. Sua memória apagou-se, ela
não sabe quem é, o que houve, e nem que lhe causou todos aqueles ferimentos.
Tinha dezessete anos, muitas cicatrizes, nenhuma lembrança. Os médicos remendam
seu corpo, mas nunca conseguiram chegar à sua mente. Aos vinte anos sai do hospital, viaja, retoma
sua vida, estuda Inglês, mas acaba entrando para o ramo dos restaurantes,
torna-se chef num restaurante famoso, mas é uma pessoa solitária. Pergunta-se
constantemente quem foi, e porque motivo nunca foi procurada por ninguém, não
tem amizades profundas, e não entende o fato de não querer sair do norte das Califórnia.
Sua interação com as pessoas é superficial, embora todos gostem dela. Durante anos
procurou respostas para seus desconfortos: não gosta de pisos de tijolos, não
sai com homens grandalhões, não gosta lugares fechados ou escuros.
Até que encontra numa revista, a Wine Spectator, a foto de um
homem alto, louro, de pé num parreiral. É um homem grande, forte, e que parece
à vontade apresentando a vinícola da família. Há ainda uma foto anterior, de
vinte anos para trás, onde o mesmo homem, mais jovem, o rosto sem marcas, de
alguma forma trás para ela a sensação de, ele fez parte de seu
passado, e de sua história. Ele é o dono da vinícola Byblos, e a administra com
a família. Seu nome: James McGuane. Ao saber que eles estão em busca de uma
nova chef de cuisine, candidata-se ao cargo, mudando-se para Napa Valley em busca
de sua história.
Lá chegando, acaba se envolvendo sexualmente com James,
descobrindo nele um dominador e o provável culpado por tudo o que houve em sua
vida. E começa com ele um jogo de dominação que cresce a cada momento,
envolvendo os dois numa rede de intrigas e de jogos sexuais perigosos que podem
levá-los mais uma vez ao crime ou a morte.
Bem, nestes dois livros encontro o que realmente chamo de
práticas de sadomasoquismo, e que eu acho fariam que Ana achasse Christian Grey
quase um santo.
E eu prometo que agora paro de dizer sobre sadomasoquismo, mas não podia deixar de fazê-lo antes de apresentar estes dois livros a vocês.